Testemunho De Beatriz Buzato

Olá, meu nome é Beatriz Buzato, tenho 18 anos e moro em Bragança Paulista – SP. Nasci com uma doença chamada Mielomeningocele. É um tumor que nasce na medula. Dependendo do caso, ela vem aberta e é possível fazer a retirada ainda no útero. Mas o meu não tinha nada que indicava o tumor. Depois de 4 meses de vida, meus pais perceberam que eu era um bebe que não mexia as pernas e nem os pés. Me levaram a vários pediatras e nenhum sabia falar o que era. Até que um percebeu uma verruga bem no final das costas. Fizeram os exames ai acharam o tal tumor. Fiz a cirurgia da retirada com 11 meses. Depois disso ate que comecei a mexer um pouco mais as pernas. O tumor só afetou os membros inferiores. 
Com 2 anos de idade tive que fazer uma cirurgia no lado direito do quadril, pois ele era luxado (solto) e com 7 anos fiz a do lado esquerdo. A minha historia de vida se resume em cirurgias, porque cada uma foi uma superação e conquista minha.
Os hospitais de Bragança não tinham muito conhecimento na minha doença, então recomendaram a Unicamp – Campinas, onde fiz a ultima cirurgia do quadril. 
A maioria das pessoas que nasce com essa doença, tem alguns problemas de bexiga e rim. A minha bexiga é neurogênica. Ela era muito pequena, so aguentava 80 ml de urina, então usei fralda ate os 12 anos, que foi quando fiz uma cirurgia muito comum lá na Unicamp. Eles pegam um pedaço do intestino para aumentar a bexiga, usa o apêndice para desviar o canal da uretra ate o umbigo. Ou seja, agora eu passo uma sonda pelo umbigo para tirar a urina. É bem complicado eu sei. Mas foi a cirurgia mais importante na minha vida, onde eu consegui minha independência. A minha ultima cirurgia foi a da escoliose, que, por causa do tumor, as costas entortaram muito, e cada medico falava uma coisa, que deveria ter feito antes ou que tinha que esperar mais um pouco. Não corrigiu tudo porque realmente teria que ser feita bem antes. 
Mas graças a todas essas cirurgias eu estou aqui hoje, fazendo faculdade de Psicologia, trabalhando, e conquistando meus objetivos. Sabe, falando como portadora de cadeira de rodas, as pessoas ficam muito pasmadas quando falo que estudo, trabalho, sendo que é uma coisa normal que todo ser humano faz, nós também somos humanos. Tem momentos que eu esqueço que estou numa cadeira, e lógico que tem momentos de recaída: “ai por que eu sou assim” etc. Mas tudo é uma batalha. Eu acho que Deus não nos dá uma cruz que não podemos carregar, tudo é por um grande motivo.

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